IPIAÚ: Filha da prefeita é acusada de corrupção e lavagem de dinheiro
Além dela, 14 pessoas foram denunciadas no esquema criminoso. Documentos obtidos pelo BNews apontam que Flávia Mendonça, apesar de não ter cargo no município de Ipiaú, atuava como uma espécie de intermediadora entre empresas e o setor de licitações do município.
O Gaeco lista orçamentos de cotação para um processo licitatório que foram encaminhados para um e-mail que seria de Flávia. A denúncia traz um print de uma conversa no aplicativo de mensagens WhatsApp de um número atribuído a Mendonça, na qual ela cobra repasses de valores oriundos dos pagamentos feitos pelo município de Ipiaú.
“Observa-se, portanto, que a denunciada FLAVIA transita com muita verticalidade entre os núcleos públicos e privados. Todas as provas apontam que, apesar de não ter nenhum cargo formal na Prefeitura de Ipiaú, ela faz as vezes de prefeita”, diz o MP na denúncia.
O Gaeco também recebeu um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que monitora e analisa informações financeiras para combater atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e corrupção. Na denúncia, o grupo aponta que a movimentação financeira da Mendonça Patrimonial, empresa da qual Flávia é sócia e administradora, teria sido usada para cometimento do crime de lavagem de dinheiro.
“A movimentação financeira observada no período analisado é incompatível com o seu faturamento anual declarado, indicando possível tentativa de sonegação fiscal. (…) Não foram encontrados fundamentos econômicos ou legais para a movimentação financeira, podendo configurar a existência de indícios do crime de lavagem de dinheiro”, aponta o COAF ao MP.
A denúncia foi recebida pela Justiça, que determinou medidas cautelares contra o grupo criminoso. A decisão, assinada pela juíza Leandra Leal Lopes, impôs bloqueio de bens de Flávia e os outros 14 denunciados, além de proibir o acesso dela a qualquer unidade da prefeitura de Ipiaú e a comunicação com “agentes públicos e privados envolvidos no esquema (exceto os que tenham relação familiar)”.
O processo está em fase de instrução e corre em segredo de Justiça. No pedido feito à Justiça, o MP-BA cobra que os investigados sejam obrigados desembolsar R$ 20.837.021,71, valor contabilizado do dano aos cofres públicos a ser pago em danos materiais e morais.